quinta-feira, 28 de março de 2013

Minha mãe "quase" perfeita



Eu tive muita sorte na vida. E muito azar.
Tive a melhor mãe que alguém poderia ter tido. E perdi, quando comecei a compreendê-la. 
E eu não digo que ela era a melhor porque partiu. Ela era a melhor porque nasceu para ser mãe e me proporcionou uma infância maravilhosa.

Sabe aquelas mães que ensinam aos filhos a gostar de arte, poesia, literatura e a viajar pelo mundo sem sair de casa? Minha mãe era assim.

Sabe aquelas mães que nunca demonstravam cansaço e sentavam no chão para brincar? Minha mãe era assim.

Sabe aquelas mães que sabem contar estórias e que fazem dezenas de vozes diferentes, uma para cada personagem? Minha mãe era assim.

Sabe aquelas mães que esperavam os filhos dormirem para preparar surpresas? Que pintava camisas de super-herois e personagens de desenhos animados antes das lojas de departamentos venderem? Que montou sozinha uma enorme casa de bonecas sem saber nada de marcenaria?

Sabe aquelas mães que cantavam para os filhos dormirem com voz doce e suave? Sabe aquelas mães que amavam a Língua Portuguesa e a Linguística e faziam as palavras serem tão fáceis ? Aquelas que ofereciam a mão quando você estava na cadeira do dentista? Aquelas que faziam qualquer coisa para lhe ver feliz? Aquelas que tornavam a atividade de mãe parecer tão simples?

Sabe aquelas mães, que vendo os rebentos crescerem, observava de longe vê-los fazer tudo errado? Aquelas que achavam legal os filhos fazerem farra? Aquelas que amavam os amigos dos filhos como verdadeiros sobrinhos? Aquelas que nem perguntavam onde a filha tinha passado a noite? Aquelas que transbordavam sentimentos pelos companheiros dos seus filhotes?

Sabem aquelas mães que se importavam com a dor do mundo? Aquelas que diziam que a maior contribuição de Jesus foi ensinar que devemos amar uns aos outros, sem discriminação? Aquelas que nos mostraram que todas as pessoas, por pior que possam parecer, sempre possuem um lado bom, bastando procurar?

Pois é. Eu tive essa mãe que, logicamente, como todo ser humano, tinha defeitos. Ela não sabia beber, não sabia tomar sorvete sem se sujar, tinha pequenas implicâncias, nunca achava nada em sua bolsa (sempre derrubava tudo em algum balcão), conversava demais e sempre deixava a mesma mensagem no meu celular: “Alessandra, é Lúcia, sua mãe!”, cuidava demais da vida dos outros, não gostava de ir ao médico, vivia sob um passado de glórias e riquezas, fumava (muito!), se deixava ser enrolada pelos funcionários.

Porém o principal defeito era guardar tudo em seu coração, que, um dia, não aguentou mais e parou.

E, de vez em quando, fecho os olhos e sinto a maciez de sua mão segurando a minha, escuto a sua voz cantando e me lembro das últimas palavras que ela disse, há exatos 10 anos, enquanto eu limpava o vômito de meu filho mais velho e corria para pegar o elevador, grávida do segundo filho: “agora você começou a me entender, né?!”

terça-feira, 19 de março de 2013

Hoje vadiei! Vadiei feliz!


Hoje realizei um sonho. Como sempre fui muito focada no trabalho e nas responsabilidades de dona de casa, nunca tinha tido um momento de lazer durante uma tarde em um dia de semana. Nunca! Sempre me soou quase como um pecado. Nem de férias conseguia relaxar e ir à praia, barzinho ou sei lá. Só à noite (o que seria na minha cabeça depois do expediente). Pois bem, o dia estava quente, quase fervendo, os meninos tinham concluído as tarefas da escola pouco depois do almoço. A opção era ficar em casa e rever mais umas matérias, assistir televisão, brincar...Tudo em um apartamento.

Aí, resolvi levar os três para um banho de piscina no clube. Eu sempre pensei em fazer isso em um dia de semana. À tarde. Nadaram, nadaram, nadaram. Brincaram na água, na areia e na grama. Ficaram tão cansados que o mau humor apareceu. Começaram a brigar, gritar e eu a me irritar. Sabia que era sono. Eu sou assim. (Quem lembra do episódio de Bob Esponja, em que Sandy, a esquilo, hiberna? Sou eu! Kkkkk ) Roguei a Deus paciência, muita paciência, muita paciência mesmo ....

Coloquei os três no carro. Subiram, se ajeitaram e dormiram antes das 19h. Isso mesmo antes das 19h. Não me lembro deles dormindo tão cedo. Acho que vou repetir essa vadiagem mais vezes nesse meu recesso. Acho que eu tenho é que aprender a não levar tudo tão a sério e relaxar mais, sabe? Sou muito estressada. Reconheço. 

Ps - Esqueci de tirar foto! I´m sorry!

segunda-feira, 18 de março de 2013

Corujices





Amigas mães corujas e amigos pais corujas, passei a integrar a família do blog Corujices, que foi criado pela querida Claudia Bettini! Somos mães e queremos contribuir para tornar a tarefa de outras mães e pais mais leve, fácil e simples. Aproveito para dizer que queremos receber contribuições de todos vocês aqui do Recife, de outras partes do Brasil e do exterior! Viu alguma coisa interessante para divertir, educar ou enfeitar as crianças? Tem uma dica que vai facilitar a vida ? Ou simplesmente quer compartilhar a sua corujice divulgando alguma atividade especial da sua filha ou do seu filho? Conta para a gente ! Tenha certeza que Claudia e eu vamos adorar espalhar no corujices.com !

http://corujices.com/



domingo, 17 de março de 2013

Corram paras as montanhas! Joguem pedras! Os meninos e eu almoçamos Mc Donald´s!




Como o trabalho levou hoje cedo o meu marido pelo braço lá para o Cariri, no Ceará, resolvi tentar preencher o vazio com um filme no cinema. Com três crianças, aprendi que a melhor sessão é a primeira. E, o melhor ainda, é chegar quase na hora em que o cinema abre. Então, saímos de casa pouco depois do meio-dia para uma sessão às 13h20. Ingressos comprados. Falta apenas meia hora para começar The Croods. Se for pedir almoço, não dá tempo! –“Mamãe, vamos na Mac!”, nem lembro mais quem disse isso! – “Tá bem!”, respondi.

Estávamos nos abastecendo com suco de laranja, coca-cola, hambúrgueres, batatas e nuggets. Nada que preste. Admito. Mas, era apenas uma vez. De repente, percebi um casal olhando e comentando algo. Aí, passou um conhecido. –“Comendo Mac, né?” Aí, eu, obesa, entendi que estava sendo patrulhada. Inocentemente, chegou uma amiga e do nada disparou: “Eu só deixo os meninos comerem na Mac um vez por mês. E já faz um tempo que parei de tomar refrigerante. Você sabe que os meninos imitam o nosso exemplo, né?”. O que me restou? Concordar. Ela está certa e eu errada. Mas, será que cometi um pecado tão grande assim? E se essa fosse a minha vez mensal?

Ainda sob o impacto, entramos na sala do cinema. O filme é divertido. Fala sobre uma família do tempo das cavernas, abordando o estresse para conseguir comida, sobreviver e encarar as mudanças. O corre-corre me lembrou alguns trabalhos, onde me sentia dentro de um outro filme: “O Diabo Veste Prada” com uma Miranda atormentando o juízo e me fazendo virar  imediatista, centralizadora e perfeccionista. Me identifiquei com aquela agonia para sobrevivência e adaptação. E resolvi que tenho que aprender a baixar a adrenalina. Voltar a meditar, ioga, pilates.....

Aí, voltamos para casa.  Hora de fazer os deveres e estudar para provas de inglês, história e ciências. Reaprendi espécie, classe, gênero, filo e reino; simple present, possessive pronouns e ajudei a recortar ovos de páscoa de papel para a mais nova.

E , eis que vai chegando a hora do jantar! E, a culpa latejando: você não é boa mãe! Você deu sanduíche no almoço! Providenciei uma sopa de legumes com macarrão, tapiocas e pão de cenoura. Comeram tudo. Sem grande animação. Revisaram o assunto do colégio e escovaram os dentes.

 Lindo mesmo foi o desenho que a minha pequena fez do pai para matar as saudades. Com quatro anos, fez ele de braços abertos em papel. Pediu para recortar. Explicou que era para poder abraçar o pai. E abraçou. 




Ps: Ah! E eu dei pipoca para os meninos no cinema! Mas, foi um pacote só dividido por quatro! Vou para o céu?

sábado, 16 de março de 2013

Mamãe, mamãe, mamãe, mamãe.........




Hoje faz 60 dias que a palavra que mais escuto é mamãe!!!!! Eu sei todas as mães escutam, mas eu explico: trabalhava fora e então passava o meu expediente e mais o restante do horário das aulas dos meus três filhos longe dos meus três filhos. Conciliar as atividades profissionais e domésticas com ser mãe estava se tornando uma tarefa dolorosa. Amo trabalhar. Sou jornalista e atuo como assessora de imprensa há mais de uma década. Como sou muito "caxias" , sofria muito quando faltava ao emprego porque um filho estava doente ou estava lá pensando na febre do menino que ficou em casa. Acho que se não fossem as crianças seria daquele tipo workaholic. Sabe aquelas pessoas que só pensam no trabalho, que não tem hora para começar e nem para terminar? Seria eu. Seria porque não pode ser. Tenho sempre Aurora, Bernardo e Giuseppe me esperando em casa. E eles não merecem ter uma mãe ausente.

Por conta do trabalho, não estava perto de Bernardo em  sua convulsão febril, não vi Giuseppe dar os primeiros passos e Aurora tinha dois meses quando voltei da licença maternidade. E, daí? Tantas mulheres trabalham fora e dão conta! E daí? Tantas mães precisam dar os três expedientes e os filhos se criam! E daí que eu sou eu. Eu não sou igual a ninguém. E nem pretendo ser.

A situação se complicou quando os meninos começaram a ter problemas na escola antiga. Eles estudavam à tarde e o turno da manhã era em casa com o meu pai (que mora conosco desde a viuvez) e com a empregada doméstica. Não faziam as tarefas, brigavam muito, não comiam direito e à noite tinham que estudar por vezes até meia-noite. Não podiam fazer nenhuma atividade extra porque não tinha quem levasse. Aí, um deles recebeu o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e reprovou. Foi a gota d´água. Eu sentia como se eles estivessem abandonados à própria sorte. Conversei com o meu marido, com a minha chefe, com as minhas amigas e decidi sair do trabalho. Era agora ou nunca. Se eu não estivesse presente nesse momento, nunca me perdoaria por não ter tentado.

Sou uma mulher absurdamente imperfeita tentando ser perfeita.  Estou longe de ser aquela mãe paciente que tem toda a energia do mundo para brincar 24 horas. Não nasci para Amélia. Pelo contrário, agradeço a todas as feministas pelo conquista do merecido espaço das mulheres no mercado de trabalho. Não tenho a menor aptidão para a cozinha. Mesmo assim, os meus filhos dizem que sou a melhor cozinheira do mundo. Sou péssima dona de casa. E os meus filhos amam me ver costurar, arrumar e fazer faxina. Não tenho o menor jeito para artes. Mas eles adoram todos os fantoches, desenhos e maquetes que ajudo a fazer para a escola.

E, assim, perfeitamente imperfeita vou seguindo o meu caminho e tentando (tentando muito!) alçar ao mundo três crianças transformadas em pessoas preparadas (da melhor maneira que consegui) para a vida.

* Essa imagem é significativa para mim. A galinha com os pintinhos foi uma homenagem que recebi do pessoal do meu último trabalho. Pessoal, sinto muitas saudades!